
O processo de gênese de uma certa doença mental requer um longo e florido caminho de alterações que se sucedem e se entrelaçam, não se podendo ao certo determinar onde começou nem para onde vai tal processo.
No entanto, podemos dizer que não basta apenas um estímulo nocivo para desencadear um processo de alteração psicológica, assim como nas organopatologias, as psicopatologias têm em seu âmago o fato de serem multifatoriais, desenvolvendo uma relação muito difícil de se traçar entre todos os componentes do eu-doente. Tais alterações vão se juntando com o passar do tempo, dando forma ao consciente do indivíduo, o que nos revela o caráter pessoal de cada patologia, tendo em vista que não se pode separar até onde está o ente patológico e onde reside o ente normal, o eu-sadio. Sob este aspecto, temos a base da psicoterapia, que visa um melhor "convívio" entre estes entes, entre o eu-patológico e o eu-normal de um mesmo indivíduo, primando pelo entendimento dos desejos que se reprimem e que dão tessitura a alguns traços da patologia em si.
Esta abordagem nos remete a um processo de evolução desde o primórdio da alteração até o desencadeamento de todas as demandas reprimidas deste eu-patológico, ressaltando uma estranha dicotomia entre a psiquê humana, que nutre, ao mesmo tempo, um ímpeto pela auto-destruição e auto-renovação. A primeira é a adaptação a uma nova realidade, precipitada pela mudança daquilo que se era antes; a segunda é a feição de um novo eu, de uma nova realidade, de uma nova memória, novas representações etc. Tal movimento nos propicia o poder de termos sempre como interagir com o ambiente e internalizar as informações que nascem deste.
Desta forma, temos que uma psicopatologia seria o resultado de uma sedimentação de vários entes danosos e não-danosos a uma certa consciência em formação ou formada, a um certo eu-psíquico, que, sobre tais acometimentos, tem sua consciência modificada de tal sorte que o ente patológico se torna apenas um compartimento da plenitude deste eu.
Imaginemos que o eu-psíquico com todos seus entes conscientes e ocultos seja um grande prédio, que no processo de feição tem seus compartimentos feitos pouco a pouco, de tal forma que, errando-se em um antecessor, tem-se um subsequente alterado. Tal erro pode ser apenas uma pequena pedra no primeiro andar que foi colocada no canto errado, como também pode ser uma fiação trocada por completo. No fim, o todo da construção será o conjunto de todos os acertos e erros de sua construção.
5 comentários:
observaçoes de um co pleto leigo: quer dier q nos somos formados pelas nossas patologias? no fim, sao elas q nos destinguem? pq se todos nascem com um padrao de comportamento, as anomalias e q nos diferem. sei la. heehehehe! ow texto pra faer a gente pensar!!
esperando ansiosamente pelos próximos!
bjus
Na verdade, leitor, esta questão é bem maior do que foi expresso no texto. Bem, a noção de patologia tem relação com a angústia com aquilo que faz mal ou a quem a tenha( como nos depressivos) ou a outrem( como nos psicopatas). A priori, podemos dizer que todos temos alterações pré-patológicas, mas apenas algumas pessoas desenvolvem a angústia ou geram a angústia típica das psicopatologias. entende?
e esse fator que faz com que as pessoas desenvolvam essa angustia é q vai ser explorado neh?
espero q seja, assim vou entender melhor essas questões pela mente fascinante do meu amigo aqui.
hehehehe
caro dr.
tenho para mim que a patologia já faz parte naturalmente dos seres humanos. não somos a perfeição. como o sr. mesmo disse, somos contruções com pequenos ou grandes erros sequenciais, o segredo é não deixar a construção vir a baixo. mas se tiver comprometida, mete dinamite.
ps.: não resisti...tá muito engaçado vcs falando como gente séria. tu tá parecendo um médico mesmo.
Postar um comentário